Chico Heráclio de Limoeiro (PE) Tributo Aos Limoeirenses
Francisco Heráclio do Rego
(1885-1974) foi um dos mais importantes "coronéis" pernambucanos,
mandando e desmandando na sua cidade (Limoeiro, 80 km do Recife, região
Agreste), especialmente, entre os anos 1945 e 1954. Aliado de Agamenon
Magalhães (1893-1954), que por duas vezes governou Pernambuco, o coronel também
teve influência na política estadual e, numa escala muito menor, nacional.
Chico Heráclio era uma
celebridade, a ponto de merecer, quando de sua morte, reportagem de cinco
páginas na revista O Cruzeiro (1/1/1975), o equivalente, hoje, a ter cinco
minutos no Jornal Nacional da Globo. A matéria, que pode ser acessada via hemeroteca
digital da Fundação Biblioteca Nacional, tem um tom predominantemente favorável
ao coronel.
Dois de seus filhos
(Francisquinho e Heráclio) foram deputados, o primeiro, estadual; o segundo,
federal, em várias legislaturas. Os prefeitos de Limoeiro eram sempre os que
Chico Heráclio queria que fossem e ele dizia: "melhor do que ser prefeito
é mandar no prefeito". Como ocorria com os outros chefes políticos
municipais, o pacto implícito era que o governador garantia ampla autonomia ao
coronel em seu reduto; em troca, esse assegurava os votos para o governador
eleger seus candidatos.
São famosas algumas de suas
histórias. Naquela época, o voto era dado por meio de uma cédula com o nome do
candidato que o eleitor depositava na urna. (A cédula única, com os nomes de
todos os candidatos, veio depois. Já foi um avanço.) Chico Heráclio preparava
os envelopes com as cédulas de quem ele queria eleger, lacrava-os em um
envelope, e os distribuía aos seus eleitores "de cabresto".
Geralmente, os votantes eram
buscados em suas casas pelos empregados do coronel e levados à seção onde
deveriam votar. Eles cumpriam o ritual esperado e, em seguida, recebiam farta
comida e bebida. Talvez, algum dinheiro, também. Só que, um dia, um deles
perguntou ao coronel se poderia saber, ao menos, em quem ele (o perguntador)
havia votado. Chico Heráclio teria respondido na bucha. -- Você não sabe que o
voto é secreto, cabra?
Conheci Francisquinho, o filho,
entre 1968 e 1970, quando ele era deputado estadual e eu um jovem repórter
encarregado de cobrir, para o Jornal do Comercio (Recife), o dia a dia da
Assembleia Legislativa. A impressão que guardo é que, se Francisquinho não
fosse filho de Chico Heráclio, dificilmente teria subido na vida. Era ou
parecia ser, intelectualmente limitado. Heráclio do Rego tinha um pouco mais de
massa cinzenta, mas posso estar enganado.
Estivemos (Lourdes Barbosa, minha
mulher; Antônio, seu sobrinho e eu) em Limoeiro, neste fim de semana. Visitamos
a casa onde morou Chico Heráclio. Lá residem, hoje, a viúva de um neto do
coronel e o irmão dela, o advogado Clóvis Coutinho Pereira. Ele teve a
gentileza de nos permitir a visita ao interior da sua residência, que conserva
a mesma estrutura e muitos dos objetos usados pelo coronel e sua família.
As fotos têm legendas, escritas
na tentativa de esclarecer seu significado
Escrito por: Gustavo Maia Gomes
Professor da Universidade UFPE.
Todo esse Acervo de Fatos e Fotos foram Cedidos Gentilmente do FACEBOOK do Sr. Professor Gustavo Maia Gomes - Perfil de seu Facebook - https://www.facebook.com/gustavo.maiagomes?fref=photo
Nossos Agradecimentos ao Sr. Professor Gustavo Maia Gomes, por nos ter cedido todo Acervo de Informações e as Fotos.
Chico Heráclio no terraço lateral de sua casa. As grades foram mudadas, mas o piso é o mesmo e a coluna (com maior razão) ainda é a que está lá. A foto foi colhida na reportagem que O Cruzeiro (1/1/75) publicou em registro da morte do coronel.
O cofre de uso pessoal do coronel Chico Heráclio, deixado na mesma saleta-escritório onde ficava no tempo em que o coronel era vivo. (Foto Gustavo Maia Gomes, 30/8/15)
Antônio, Lourdes Barbosa e o advogado Clóvis Coutinho Pereira, que reside na ex-casa do coronel Chico Heráclio, em Limoeiro, PE. Ainda aparece uma parte do para-choque do automóvel. (Foto Gustavo Maia Gomes, 30/8/15)
Vista lateral da casa do coronel Chico Heráclio. O carro da foto pertence aos viajantes. (Foto Gustavo Maia Gomes, 30/8/15)
O terraço lateral da casa de Chico Heráclio em Limoeiro. (Note que o piso é o mesmo que aparece na foto publicada em O Cruzeiro, edição 1/1/75). As poltronas, segundo me garantiu o atual morador da casa, Clóvis Coutinho Pereira, ainda são as do tempo em que o coronel era vivo. (Foto Gustavo Maia Gomes, 30/8/15)
Antônio e o retrato de Chico Heráclio na sala de jantar de sua casa. Pelo que pude apurar, os grandes almoços com finalidades políticas eram promovidos pelo coronel em sua fazenda Varjadas. A sala mostrada na foto é, realmente, pequena. Os móveis são os mesmos que serviram ao coronel e à sua família. (Foto Gustavo Maia Gomes, 30/8/15)
Este coqueiro, sobrevivente dos tempos antigos, era usado por Chico Heráclio para treinar pontaria. Segundo Clóvis Coutinho Pereira, os buracos vistos no tronco são de balas atiradas pelo coronel. (Foto Gustavo Maia Gomes, 30/8/15)
A inevitável cristaleira na sala de jantar da casa do coronel Chico Heráclio. É móvel de sua época. (Foto Gustavo Maia Gomes, 30/8/15)
Livro de André Heráclio do Rego sobre o seu parente, coronel Chico Heráclio.
A casa de Chico Heráclio em Limoeiro (PE). Pelo estilo, deve ter sido construída na década de 1950, mas não me foi possível comprovar essa hipótese. Mesmo para os padrões da época e do local, está longe de ser um palacete, a despeito de todo o poder e (relativa) fortuna do coronel. (Foto Gustavo Maia Gomes, 30/8/15)
Chico Heráclio no terraço lateral de sua casa. As grades foram mudadas, mas o piso é o mesmo e a coluna (com maior razão) ainda é a que está lá. A foto foi colhida na reportagem que O Cruzeiro (1/1/75) publicou em registro da morte do coronel.
Um dos automóveis de Chico Heráclio. Ele era, de uma forma geral, avesso aos progressos do mundo moderno. Consta que não possuía geladeira, rádio, ou "vitrola" (aparelho de som). Mas gostava de carros luxuosos. Este é o único que sobreviveu (por quanto tempo?), deixado na sua garagem. É um Chrysler modelo muito parecido ao lançado em 1954. Se não é desse ano, é de um ano próximo. Está sendo destruído pelo tempo, segundo Clóvis Coutinho Pereira, porque os herdeiros não conseguem se entender sobre o que fazer com o espólio do coronel. (Foto Gustavo Maia Gomes, 30/8/15)
Chico Heráclio e seu revólver. (Foto obtida na internet, sem identificação de origem.)
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